PROJETO RAÍZES DA COMUNIDADE

O objetivo principal do projeto é aprofundar a identidade pessoal dos estudantes e suas raízes indígenas/afro-brasileiras por meio de reflexão sobre esse local no qual nos identificamos. Esse projeto está sendo ministrado para estudantes do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual José Ribamar Batista, uma escola de Tempo Integral no Acre Rio Branco.

No terceiro bimestre decidimos fazer aulas interdisciplinares entre arte e sociologia, os estudantes começaram a mergulhar no estudo do livro “Pequeno Manual Antirrascista” - Djamila Ribeiro para trabalharmos a Lei 10.639/03 juntamente com a complementação da Lei 11.645/081 onde, “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”.

O projeto será dividido nas três turmas, pautadas primeiro pela compreensão do que é o Racismo recreativo, onde a autora

Consciente de que o racismo é parte da estrutura social e, por isso, não necessita de

intenção para se manifestar, por mais que cala-se diante do racismo não faça do

indivíduo moral e/ou juridicamente culpado ou responsável, certamente o silêncio o

torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo. RIBEIRO 2019, p.13

O segundo ano trabalharemos junto com Língua Portuguesa com a literatura Dom Casmurro de Machado de Assis, onde trás a questão da mulher, a sexualização do corpo feminino hoje no Brasil, isso se torna cada vez mais crítico pelo machismo, E o terceiro ano, com aulas no Pós médio em parceria com o NEABI/UFAC com a temática Racismo e relações Étnicos- raciais no Brasil. As aulas foram divididas em quatro encontros abordando: Panorama conceitual para compreender o racismo; Histórico de lutas, conquistas e desafios da população negra no Brasil; Histórico do Racismo no Brasil e Formas de manifestação do racismo. Os estudantes realizaram a leitura do Livro Um pequeno Manual Antirracista da Djamila Ribeiro que foi abordado durante as aulas de Sociologia e arte . Para finalizar com a 3° série foi realizada uma palestra em parceria com NEABI/UFAC com os temas: Ações afirmativas e Cotas; SISU; Auxílios e bolsas da UFAC.

Toda vez que vejo algum brasileiro ferrando o Brasil lembro que brasileiro2 é atividade, não é identidade. E não qualquer atividade: brasileiro é quem vive da extração e da venda, pro exterior, do pau-brasil.

Todo o despertar desse trabalho foi possível a partir das discussões ocasionadas com a participação da convidada Juma Pariri nas aulas da disciplina de estágio, que durante quatro encontros trouxe para discussão através de vídeos com vários convidados a cultura indigena na escola. A base dos encontros com Juma estavam relacionadas à Lei 11.645/2008 e a forma que ela estava sendo colocada em prática a partir do olhar cuidadoso de vários representantes e artistas indígenas.

O fato é que para alguns a lei 11.645/2008 ainda é muito difícil de ser colocada em prática devido, "às dificuldades dos professores em trabalhar com esses “novos” temas propostos pela 11.645/08, seja pela falta de materiais didáticos de apoio, seja por falta de qualificação” (CRUZ e JESUS, 2013, p. 2), mas me parece que essas tantas dificuldades estão muito além da ausência de material ou falta de qualificação. Em pleno Século 21, onde a informação corre em questão de segundos através da internet, não faz sentido dizer que não tem acesso a esse material, principalmente se levarmos em conta que os indígenas têm acesso a internet, é de se pensar que essa ausência está também ligada a um negacionismo da história.

É a partir do vínculo por vezes caótico e louco da arte contemporânea, que acreditamos que esse momento que os estudantes estão entrando é a abertura certa para falar artisticamente sobre a arte indigena focando nas instalações. Aqui é essencial trazer artistas indígenas como referências para os estudantes, estes serão especificamente Jaider Esbell, Daiara Tukano, Denilson Baniwa e Emerson Munduruku.

Assim, pensando nestes pontos e até mesmo conversando com o vídeo “Fazer arte/Fazer valer a lei 11.645/2008” disponível por Juma em que a indígena Kerexú Yxapyry relata todo seu processo de luta e crescimento artístico diante da busca pelas origens do seu povo e principalmente pela sua identidade, onde deixa claro que é necessário esse processo

2 Brasileiro: de retomada de identidade para que seja trazido à tona de forma correta a questão indígena na escola.

De maneira geral tanto Juma, quanto Kerexú ressaltam que antes de qualquer ensino é necessário passar por si próprio, pois “tudo é um ser o que difere é a casca” (PARIRI, 2021) e a partir disso a aula instalação de sí, em que os estudantes vão ter acesso às informações básicas do que é instalação, depois usar desse saber fazer para pesquisar sobre sua própria origem indígena e fazer suas instalações, é de suma importância não somente para o agora, mas para o amanhã, onde será mantida a esperança de mais processos como esses.


OBJETIVO

Mergulhar na busca por identificação pessoal dos estudantes com suas raízes indígenas a partir da prática de criação da instalação.

Objetivo específico

Despertar o estudante para investigar suas origens e entender seu processo de identidade. Aguçar a curiosidade sobre a arte indígena a partir de vídeos e fotos.

Produzir a própria instalação a partir de suas origens e os artistas apresentados.

É imprescindível que seja oferecido aos estudantes a base para discutir a instalação, seguido do estímulo para que os estudantes se sintam instigados a mergulhar nessa pesquisa pessoal. A partir disso, esse projeto foi pensado para acontecer em três aulas, onde serão discutidos os seguintes tópicos: Na primeira aula a introdução a arte contemporânea, conceitos e características focando na instalação; a segunda será às instalações artísticas feitas por artistas indígenas e orientação para criar a própria instalação e na última aula será a apresentação das instalações.

Na primeira aula será o momento onde cada estudante será questionado sobre o que entende por arte, a busca será pela desmistificação de que arte só está dentro de um museu, teatro ou galeria, trazendo a eles exemplos de atividades artísticas como instalação, performance, land art, body art, street art e outros que ocorrem fora destes espaços.

Desta mesma forma, a primeira aula será também para apresentar a instalação para que eles possam entendê-la e construir a partir dela. Será com conversas e fotografias de objetos artísticos que os estudantes estarão preparados para produzir seus próprios trabalhos.

A segunda aula, iniciará com vários exemplos de instalações de artistas indígenas como Jaider Esbell, Daiara Tukano, Denilson Baniwa e Emerson Munduruku, focando na sua forma de fazer instalação e o conceito por trás da feitura. Isso dará início ao processo prático dessas aulas onde os estudantes vão iniciar seu momento pessoal de pesquisa de suas histórias e pensar a construção das suas próprias instalações.

Instalação de si é o último passo deste trabalho, onde cada estudante poderá criar sua própria instalação, apresentar seus conceitos por trás delas e se quiserem poderão divulgar seus trabalhos individuais e incentivar outras pessoas nesse processo de instalação.

Todos os trabalhos serão desenvolvidos com estudantes do segundo ano do Ensino Médio, em um formato remoto, pensando nas condições a que cada estudante estará sujeito, um dos objetivos é trabalhar com slides que apresentam muitas visualidades e vídeos facilitando a aprendizagem para chegar à prática.

Seguindo as fases deste projeto citadas anteriormente será necessário começar com a questão chave "O que é arte?" e para discorrer sobre esse assunto será ouvido primeiro a opinião de cada estudante e, em seguida, será lançado o vídeo do canal no youtube "Vivi Eu Vi" de Viviana Araújo intitulado "O que é arte? Pergunta de infinitas respostas" e para complementar a matéria “O que é arte contemporânea: os principais artistas e movimentos do período” do site Arteref para construção do slide, que dará aos estudantes de forma mais leve vários conceitos e perspectivas novas a respeito do que é arte.

E nos últimos dois tópicos do projeto, os estudantes estarão imersos dentro da arte e instalações feitas por artistas indígenas para que tenham referências para o início de produção de suas instalações. Neste momento o estudante deverá ir em busca de descobrir todas as informações que o ajudariam a saber mais sobre sua herança indígena.

É a partir dos resultados dessas pesquisas dos estudantes que eles serão orientados a começar a montar suas próprias instalações, construindo a partir das suas referências e do que entenderam de sua história de ancestralidade.

Por fim, é também nesse momento que eles serão orientados não só a fazer as instalações, sejam elas ao vivo, fotografadas ou gravadas, mas se quiserem que esse material possa ser divulgado por eles mesmos para incentivar os restantes dos estudantes a buscar saber mais sobre.

A partir desses passos metodológicos acredito que teremos um bom resultado final no que diz respeito à produção das instalações e nas possíveis consequências que ela irá causar nos outros estudantes que participaram desse processo.

A forma avaliativa se dará da seguinte forma: Será proposto aos estudante que os mesmos elaborem instalações de maneira individual, a partir de suas pesquisas de resgate ancestral perante seus familiares e a partir das referências de artistas indígenas passada a eles, podendo essa instalação ser produzida e apresentada através de registros fotográficos ou vídeos.


7. REFERÊNCIAS

CAROLINE SILVA CRUZ, S. S. J. anpuh-brasil - Associação nacional de história. XXVI Simpósio Nacional de História, 2013. Disponivel em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1372726711_ARQUIVO_TrabalhoXXVII SNH-CarolineSilvaCruzeSimoneSilvadeJesus_corrigido_.pdf>. Acesso em: 9 Agosto 2021.

EDITORIAL, Equipe. O que é instalação? Saiba aqui. 2021. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/arteref.com/instalacao/o-que-e-instalacao-saiba-tudo-aqui/am p/ Acesso em 30/09/2021.

PAPOCA, Agência. O que é arte contemporânea: os principais artistas e movimentos do período. 2020. Disponível em: https://laart.art.br/blog/o-que-e-arte-contemporanea/ . Acesso em 30/09/2021

RODRIGUES, Regia. Instalação Artística, 2019. disponível em: https://youtu.be/q-PJw0z1ig4 -, canal Regia Rodrigues, acesso em 24/09/2021.

PARIRI, Juma. Fazer Arte/ Fazer valer a lei 11.645/2008. Canal Imagens Políticas Grupo. Youtube, 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cjf2pUFciZA . Acesso em: 9 Agosto 2021.

VILLANOVA, Viviane. Como entender a arte contemporânea. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ApMj76kCVRU . Acesso em: 9 Agosto 2021.


VILLANOVA, Viviane. O que é arte? A pergunta de infinitas respostas. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kX-NOUVAjYU . Acesso em: 9 Agosto 2021.